O inferno está cheio de boas intenções
Muitas escolhas aparentemente sustentáveis que você está fazendo não são tão ecológicas quanto parecem.
As ecobags, por exemplo, são os melhores exemplos de itens que tem um enorme apelo de marketing como produtos eco-friendly independentemente de serem ou não de fato uma boa escolha.
As sacolinhas proibidas
Existe uma tendência mundial para a proibição de sacolas plásticas. O descarte incorreto das sacolinhas (que acabam parando no oceano) causa consequências ambientais desastrosas. A reação imediata da maioria dos governos foi proibir o uso do plástico descartável. Pouco se avançou em melhorar o sistema de reciclagem ou buscar alternativas além da proibição.
Com a nova demanda por outros tipos de sacola surgiu a necessidade de encontrar algum produto que substituisse as milhares de sacolinhas proibidas. Foi aí que surgiram as Ecobags ou sacolas retornáveis! Só que infelizmente comprar a primeira Ecobag que você vê na sua frente sem pensar no material de que ela é feita pode ser o início de muitos outros problemas.
Entenda os materiais de que são feitas as ecobags:
As ecobags de algodão
Para que a ecobag de algodão se torne uma boa opção ela precisam ser reutilizada 173 vezes! Só a partir daí é que podemos considerar que ela causa um menor impacto climático do que uma sacola plástica.
Se a sacola for de algodão orgânico, a situação é pior ainda. Esse tipo de produto gasta 30% a mais de recursos naturais para ser produzido.
“Sua sacola de algodão é praticamente o pior substituto para uma sacola plástica.”
E as Ecobags de papel?
Bolsas de papel podem ser biodegradáveis e mais facilmente recicláveis do que os sacos de pano e plástico, mas a colheita, a produção e a fabricação de sacos de papel afetam o meio ambiente.
Grandes quantidades de poluição da água e poluição do ar são produzidas na fabricação e transporte de papel. O processo geralmente envolve o transporte por centenas de quilômetros – da floresta ao consumidor – que tem seu próprio conjunto de implicações ambientais, incluindo poluição do ar e aquecimento global por meio de emissões de dióxido de carbono.
A ecobag verdadeiramente sustentável é feita de plástico
As ecobags de plástico são as mais ecologicamente corretas por serem retornáveis e 100% recicláveis. O polietileno, o vinil (PVC), e o não tecido (TNT que é feito de polipropileno, também é um tipo de plástico), e o PET reciclado são plásticos muito utilizados na confecção dessas sacolas. Esse tipo de Ecobag passa a ser sustentável já a partir do décimo quarto uso. As ecobags feitas a partir de plástico são as ecobags que compramos nos supermercados.
Quando a punição causa o efeito inverso
Normalmente as pessoas não utilizam a ecobag o número de vezes suficiente para ela finalmente ter alguma vantagem sobre as sacolinhas plásticas tradicionais. Pior que isso: cada vez que esquecem a ecobag em casa, elas compram uma outra nova.
Como efeito direto da proibição ao uso de sacolas plásticas a mesma casa acaba com várias ecobags. As famílias do Reino Unido, por exemplo, estão levando para casa uma média de 54 ecobags a cada ano. Esse número sugere que elas serão usadas como sacolas por apenas uma semana. A conclusão assombrosa é que as pessoas estão tratando as sacolas reutilizáveis como um item descartável.
Um estudo de 2014 nos Estados Unidos descobriu que cerca de 40% dos compradores esqueceram de levar suas sacolas reutilizáveis. Isso causa o efeito ambiental inverso ao que todo mundo gostaria. Se você não se lembra de levar a sua Ecobag é melhor nem ter uma.
O que você pode realmente fazer pelo meio ambiente:
- Qualquer que seja o tipo de sacola que você use, use quantas vezes for possível;
- Escolha sacolas feitas de materiais recicláveis;
- Evite sacolas com impressões ou decorações que podem aumentar a carga ambiental da sacola;
- Recicle, reutilize e adapte as suas sacolas antes de pensar em jogá-las no lixo.
A conclusão é que se e tudo o que fizermos for mudar de plástico para papel ou tecido, estaremos resolvendo um conjunto de problemas ambientais e criando outros. Resolver o problema do excesso de embalagens plásticas exigirá um esforço maior do que as proibições locais em certos tipos de sacolas ou pacotes.