Tecnologia limpa e inovações para a produção de energia renovável

Os recursos naturais do mundo estão à beira do esgotamento. Não se trata de um exagero: as consequências do nosso atual modelo de desenvolvimento são inegáveis. Nossos recursos, renováveis ​​e não renováveis, estão sendo cada vez mais esgotados. De acordo com a previsão da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), até o ano 2025,  aproximadamente 1,8 bilhão de pessoas não terá acesso à água potável.

No ritmo atual, serão necessárias duas Terras para sustentar nosso estilo de vida até 2030. Projetos de mineração de carvão, perfuração offshore e outros projetos de extração de combustíveis fósseis estão levando à perda de biodiversidade e degradação de habitat sem precedentes, superexploração, poluição, extinção de espécies e mudanças climáticas – para citar apenas algumas consequências devastadoras.

Ao mesmo tempo, toda esta situação aumentou a nossa preocupação ambiental e com isso começamos a nos interessar pela busca por soluções sustentáveis ​ para a agricultura, a produção ​​de energia (demanda por fontes renováveis) e pelo gerenciamento apropriado dos resíduos. Essa necessidade criou uma grande demanda por tecnologia limpa.

Cleantechs: as startups verdes

As cleantechs, ou  startups verdes, são empresas dedicadas a encontrar soluções de tecnologia limpa que cortam emissões, melhoram o meio ambiente e reduzem o consumo de recursos naturais. Elas abrangem vários setores, como economia circular, energia limpa e cidades inteligentes.

As tecnologias limpas utilizam fontes de energia renováveis, como eólica, solar, hidrelétrica e geotérmica, além de combustíveis de baixo carbono; tecnologias de reaproveitamento de água; técnicas de gerenciamento de resíduos; edifícios e meios de transportes ecológicos. O setor de energia limpa,  emergente e bilionário , tem oportunidades e espaço para vários tipos de startups e empresas.

Cifrões na forma de planta simbolizando economia verde

Os desafios do setor

O setor de tecnologia limpa enfrenta uma série de desafios, e para enfrentá-los, precisa de grandes investimentos de capital. Estes investimentos precisam de tempo para se desenvolver e são caros para escalar. Após uma década de fracassos, os fundos de capital de risco estão novamente fluindo para o setor de tecnologia limpa.

Segundo o Relatório de Progresso Energético, atualmente apenas 9,6% da energia é produzida por modernas fontes de energia renovável. Aproximadamente 1 bilhão de pessoas – ou cerca de 13% da população mundial – vive sem eletricidade, com quase 87% da população mundial sem eletricidade vivendo em áreas rurais. Se quisermos combater essas questões, o mundo precisa mudar a maneira como cria e consome energia. 

Aerogeradores produzindo energia eólica

A esperança no futuro

As energias solar e eólica estão fazendo grandes avanços, estamos construindo casas e cidades mais inteligentes. Aparelhos com eficiência energética são uma tendência, assim como a construção de edifícios com painéis para produção de energia solar.  Os serviços de compartilhamento de carros economizam milhões de toneladas de carbono. As usinas de reciclagem estão implementando Machine Learning e robótica para otimizar e aumentar a eficiência de seus processos.   A maioria das empresas dessa indústria em desenvolvimento são startups. A perspectiva é que  no futuro exista uma parceria entre elas e grandes empresas.

Os principais nichos das Cleantechs

  • Energia limpa e armazenamento de energia – energia eólica, solar, combustíveis renováveis, energia ondomotriz e os sistemas de armazenamento para essa energia.
  • Ar e meio ambiente – controle de emissões, reaproveitamento de resíduos, agricultura em ambiente controlado, criação de animais, 
  • Água – tratamento de água, eficiência no uso da água, reuso de água, captação individual de chuva, etc. 
  •  Eficiência – criação de redes inteligentes, arquitetura verde, sistemas de consumo colaborativo, etc. 
  • Transporte – veículos elétricos, abastecimento/carregamento, combustíveis alternativos, etc. 
  • Indústria limpa – inovação em materiais, em design, em equipamentos, processos produtivos, etc. 

Setor elétrico

painel solar sobre telhado de casa

Podemos dividir as fontes de energia em:

Renováveis

  • Solar (fotovoltaica);
  • Eólica;
  • Geotérmica;
  • Hidráulica (hidroelétrica);
  • Força das marés.

Não renováveis

  • Térmica, através de combustíveis fósseis;
  • Energia nuclear.

Energia eólica e solar: as mais populares entre as energias renováveis

Sistema híbrido com placas para produção de energia solar e aerogeradores para produção de energia eólica

A energia solar, por exemplo, tem um baixo custo de produção, entrega em grande escala dependendo do número de painéis e leva um tempo relativamente curto para ser instalada. A tendência é que a  demanda por energia solar aumente.  Umas das vantagens é a geração descentralizada, reduzindo drasticamente a necessidade de investimentos em infraestrutura de transmissão e distribuição de energia elétrica, por exemplo.

O maior setor, em termos de investimentos, é a energia eólica. Parques eólicos de iniciativa privada tem se espalhado pelo globo, o que aumentou a demanda por equipamentos e insumos essenciais a essa indústria. As turbinas eólicas são capazes de produzir energia em condições climáticas adversas, tornando-as atraentes para países que precisam enfrentar fenômenos naturais extremos. Tem fácil operação, e requerem baixa manutenção inicial, com um tempo de vida de aproximadamente 15 a 25 anos.

Agricultura e Alimentação

Drone de tecnologia agrícola
Foto do Mundo Geoespacial / CC BY 2.0

Os investimentos em inovação tecnológica na agricultura são crescentes, chegando na casa do bilhão de dólares anualmente. A busca incessante por alimentos para uma população sempre crescente pressiona os governos e companhias em promover inovação na produção agrícola, colheita e processamento dos alimentos. Os processos podem ser aprimorados com ela, pesquisas desenvolvem espécies cada vez mais resistentes a pragas e intempéries, e com variedades dedicadas a aplicações comerciais específicas. Porém, ainda depende da natureza e dos seus ciclos climáticos 

Transporte

Estação de carregamento para transporte elétrico
Foto do ponto de carregamento / CC BY 2.0

O transporte de cargas e pessoas está evoluindo rapidamente. A volatilidade do mercado de petróleo, consequência de disputas políticas, bem como os custos cada vez maiores com as consequências da poluição do ar, principalmente nos ambientes urbanos, e o inchaço cada vez maior da população nesses centros são fatores que impulsionam na busca de alternativas sustentáveis no transporte de pessoas e cargas. Há um grande número de iniciativas e investimentos nos veículos elétricos. As diversas subsidiárias da China que fabricam veículos elétricos, por exemplo, ajudaram a contribuir para colocar mais de 650.000 veículos em trânsito nos últimos anos.

O que as Cleantechs podem fazer pela reciclagem  

Diferentes tipos de material separados para a reciclagem

Nacionais

Entre as mais de 136 cleantechs existentes no Brasil, já existem algumas empresas focadas em reciclagem.  A Polen, empresa especializada em gestão de resíduos, consegue recolher mais de 400 mil toneladas de material por mês. Ela atua fazendo a ponte entre as indústrias geradoras de resíduos com aquelas que utilizam as sobras como matéria-prima. Já o Instituto Muda organiza a coleta seletiva em condomínios residenciais de São Paulo e faz a destinação correta destes resíduos

A Boomera,  especialista no desenvolvimento de soluções para reciclagem de resíduos complexos, criou um sistema tecnológico capaz de limpar esse tipo de material quebrar as moléculas dele para transformá-los em matéria-prima. A  Eco Panplas também desenvolveu uma tecnologia para limpar e descontaminar as embalagens plásticas de óleo lubrificante, um material normalmente difícil de ser reciclado.  

Internacionais

A Recycleye (do  Reino Unido) desenvolveu uma rede neural que identifica e classifica materiais recicláveis ​​em material e marca. A TOMRA (desenvolvedora de infraestrutura de triagem de resíduos) fez em janeiro de 2020 o lançamento de uma máquina de venda automática que pode processar até 100 garrafas de plástico de uma só vez.

A Greyparrot (também do Reino Unido) desenvolveu uma visão computacional, com sensores de IA e software para auxiliar as máquinas a reconhecer materiais. Isso ajuda a classificar e descartar os materiais não recicláveis.

Conclusão

Pessoa segura planeta terra e uma folha nas mãos

A visão holística a longo prazo, incluindo recursos naturais e cálculos econômicos globais, favorecerão as novas oportunidades no setor de tecnologia limpa. O impacto destas empresas no globo se o desenvolvimento desse tipo de negócios prosperar pode significar um futuro melhor para todos. Também as habilidades e competências precisam ser atualizadas, o que exigirá mudanças nas políticas de educação e governo também.

Portanto, são esperadas inovações significativas nos próximos anos. O futuro está focado na implantação de soluções verdes em grande escala e a melhor maneira de prever este o futuro baseado em inovações e tecnologia limpa é inventá-lo.