Existe uma verdadeira guerra contra o plástico em andamento no mundo todo, inclusive aqui, no Brasil. O motivo para isto é muito simples: o plástico não é um elemento natural e, consequentemente, após o seu uso ele simplesmente não desaparece. O acúmulo desse plástico usado nos aterros, rios e oceanos é motivo de grande preocupação mundial. O Brasil é o 4º maior produtor de lixo plástico segundo um estudo feito pelo Fundo Mundial para a Natureza (WWF) e grande parte desse lixo acaba em rios, em baías e, consequentemente, no mar.
Por que então não paramos de usar plásticos?
O plástico é um dos materiais mais versáteis do mundo! Está em todo lugar e tem muita utilidade. O mundo moderno não seria possível sem o uso do plástico como ele é feito hoje. Precisamos de plásticos para as peças de segurança nos carros e aviões, para conservar os alimentos, para evitar contaminações nos hospitais, entre muitos outros usos importantes.
A solução ecológica: os plásticos biodegradáveis
No meio de tanta polêmica quanto ao destino de todo esse plástico, surgiram alternativas ecológicas aos plásticos comuns: os plásticos biodegradáveis. Esses materiais são feitos para desaparecer mais rápido do que o plástico convencional e podem ser compostos de vários tipos diferentes de materiais orgânicos.
Boa parte desse material biodegradável é compostável, ou seja, pode ser transformada junto com outros resíduos orgânicos em composto. Só que a maioria dos plásticos que vem com o rótulo “compostável” só pode ser decomposta industrialmente.
Por terem um apelo politicamente correto as alternativas ecológicas para o plástico comum ganharam força e se tornaram muito populares. Mas aí vem a má notícia: só a troca desse material de uso único por material biodegradável não vai resolver o problema ambiental.
A falsa conexão entre o plástico biodegradável e o fim do lixo plástico
A grande questão é que bactérias não digerem plástico, elas só quebram esse material em pedaços menores. No plástico biodegradável essa quebra só acontece quando existe uma combinação de certos tipos de bactéria e temperaturas bem específicas. Na prática isso significa que em um aterro sanitário ou em qualquer outro lugar não preparado para esse tipo de plástico essa decomposição simplesmente não acontece.
É isso mesmo, não tem diferença nenhuma entre um plástico comum e um biodegradável quando eles estão jogados nos destinos comuns que damos para o nosso lixo.
Pior que isso, esse tipo de plástico pode até contaminar o seu plástico comum e fazer com que nada desse material possa ser reciclado. É por isso que você não precisa de comprar plástico biodegradável. O que todos nós precisamos é exigir que o governo faça um processo correto de reciclagem do plástico comum.
O que o governo não te contou sobre a reciclagem
O governo já sabe que o plástico biodegradável não vai resolver nossos problemas. Primeiro porque não existem lugares apropriados nos quais esse tipo de plástico possa se decompor. Segundo porque é mais fácil e tem mais apelo popular votar leis contra o uso de plástico comum do que pensar em reciclagem.
De acordo também com o estudo que foi feito pelo Fundo Mundial para a Natureza (WWF) o Brasil atualmente recicla atualmente menos de 2% de todo o lixo plástico que produz. Isso acontece, entre outros motivos, pela falta de incentivo fiscal ou estímulo governamental para que seja feita a reciclagem destes materiais.
O aumento do resíduo plástico em escala
O maior problema do plástico é que estamos usando-o em uma escala muito maior do que é possível fazer com que ele desapareça. Se menos de 2% do plástico brasileiro é reciclado, isso significa que todo o resto deste material será usado uma única vez e vai rapidamente se acumular. Mesmo que todo esse plástico fosse biodegradável não seria possível decompor tudo isso em uma quantidade significativa.
Olhando para o futuro: reduzir, reutilizar e reciclar
O reaproveitamento do plástico já existente para a produção de novos plásticos faz muito mais sentido do que usar as plantas para fazer os plásticos biodegradáveis vindos de novas fontes de carbono para alimentar uma cadeia de produção gigante.
O plástico usado deve ser tratado como matéria-prima. Países como Japão e Alemanha reciclam mais de 40% do plástico que produzem. Não faz sentido jogar plástico fora, é um desperdício de dinheiro. Quando a sociedade descarta os rejeitos plásticos como lixo, ela perde muito e demonstra estar desinformada.
Se fizermos um esforço conjunto para usar com responsabilidade os produtos plásticos, os problemas que estamos enfrentando podem ser reduzidos drasticamente e poderemos continuar usando os benefícios deste material sem prejudicar o meio ambiente.