A reciclagem de plásticos tem crescido há décadas, mantendo cada vez mais esses valiosos materiais fora dos aterros sanitários.
Mas, como em qualquer empreendimento, houve algumas dificuldades ao longo do caminho. Por exemplo, quando a China reduziu significativamente a quantidade de plásticos que aceita dos EUA para reciclagem, algumas comunidades tiveram que encontrar novos mercados para plásticos que coletaram em seus programas de reciclagem.
O programa de recuperação alternativa de Boise, Idaho (EUA)
Assim como outras comunidades da região, em resposta às ações da China, Boise anunciou no início de 2018 que os residentes não poderiam mais reciclar certos plásticos porque a cidade não tinha um mercado imediato para eles. Esses plásticos anteriormente recicláveis teriam que ir para o lixo.
Mas Boise foi capaz de reverter rapidamente a situação e demonstrou uma maneira de manter uma boa quantidade desses materiais fora dos aterros sanitários.
No início de janeiro de 2018, Boise recebeu um auxílio de US$ 50.000 da Dow Packaging and Specialty Plastics e da Keep America Beautiful para estabelecer um novo projeto chamado Hefty® EnergyBag® program, que oferecia uma alternativa para o descarte de plásticos de difícil reciclagem.
Os residentes de Boise receberam 26 sacolas laranjas Hefty® EnergyBag® ― suficientes para um ano ― juntamente com instruções e uma lista de materiais aceitáveis para colocar nas sacolas.
As instruções esclareciam que os residentes deveriam continuar destinando seus recipientes de refrigerante PET e de detergente HDPE vazios simplesmente jogando-os no carrinho de reciclagem, como de costume. Mas outros plásticos ― incluindo sacos de batata frita, sacos stand-up pouch, canudos, mexedores de plástico, embalagens de isopor e saquinhos de suco ― agora podiam ser colocados nas sacolas EnergyBag® laranja e descartar essas sacolas no carrinho de reciclagem.
Por meio desse programa, Boise conseguiu recuperar a maioria dos plásticos que a cidade reciclava anteriormente, além de alguns que não eram reaproveitados antes, como pacotes de plástico laminado de vários materiais. O então prefeito de Boise, Dave Bieter, descreveu a iniciativa como “uma solução inovadora que nos permite transformar uma situação ruim em algo bastante positivo”.
Recuperação: o caminho para a circularidade
As sacolas laranjas de Boise são enviadas para uma instalação em Salt Lake City, operada pela Renewlogy, onde são transformadas com o seu conteúdo em um combustível líquido, usando tecnologia avançada de conversão sem combustão.
A instalação Renewlogy faz parte de um número crescente de empresas que recuperam o valor dos plásticos convertendo-os em combustíveis, produtos industriais e até mesmo em suas matérias-primas originais. Essas empresas complementam as capacidades de reciclagem existentes e podem recuperar muitos plásticos que hoje não fazem parte do fluxo tradicional de reaproveitamento, permitindo que comunidades como Boise reciclem mais plásticos, mantenham esses materiais valiosos fora dos aterros sanitários e ajudem a alcançar metas de sustentabilidade.
Essas empresas também representam parte da jornada em direção a uma maior circularidade na fabricação, uso e descarte dos plásticos. Em maio de 2018, os fabricantes de plásticos da América do Norte anunciaram metas para capturar toda a embalagem, evitando que se torne lixo, e se comprometeram com uma economia circular. O objetivo é que 100% das embalagens de plástico sejam reutilizadas, recicladas ou recuperadas até 2040.
Com a disseminação da notícia sobre o sucesso do programa de Boise, autoridades locais e recicladores esperam que outras comunidades próximas participem do programa no futuro. E fabricantes e processadores de plásticos estão incentivando outras comunidades a participar deste e de programas de coleta semelhantes, para recuperar mais plásticos e avançar para uma economia circular.
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