A economia circular de plásticos está entre as principais soluções encontradas para o reaproveitamento desse material e a redução da poluição plástica. Os plásticos tornam o nosso dia-a-dia mais fácil e seguro. Barato, leve, durável e impermeável, o plástico se tornou fundamental na economia global. Mas o impacto negativo de nossa dependência do plástico está se tornando cada vez mais aparente. O lugar dos plásticos não é em nossos oceanos, cursos de água e espaços naturais. Eles também não pertencem aos aterros sanitários. Os plásticos são simplesmente valiosos demais para serem descartados.
Graças, em parte, ao apoio de organizações como a Ellen MacArthur Foundation, alguns fabricantes de plástico, proprietários de marcas e varejistas estão agora trabalhando em direção a uma visão comum da circularidade do plástico. Para conseguir a mudança, é necessário avançar para os sistemas definidos na economia circular de plásticos. Isso significa minimizar a entrada de matéria-prima e a geração de resíduos, além de manter os produtos e materiais circulando com seu valor pelo maior tempo possível. O trabalho conjunto pode sim, tornar a economia circular de plásticos possível. Veja no post abaixo como podemos tornar isso viável.
Fatores-chave para uma economia circular de plásticos
Para começar, é importante entender que existe uma grande demanda para utilizar mais resina recuperada. Em muitos modelos, as taxas de crescimento da demanda por PET reciclado e resinas de PE reciclado devem superar significativamente o crescimento da demanda por material virgem na América do Norte ao nível global, e a demanda prevista de PE reciclado excede significativamente o fornecimento atual.
Como efetivamente aproveitamos este momento? O primeiro passo é capturar mais material. O aumento das taxas de coleta é necessário para o sucesso. A educação do consumidor deve incluir mensagens que enfatizem o valor dos plásticos pós-uso e informações consistentes e facilmente compreensíveis sobre o quê e como reciclar.
A facilidade de acesso e a simplicidade são igualmente essenciais. A reciclagem de fluxo único de todos os plásticos, incluindo os flexíveis e rígidos que atualmente são mais difíceis de reciclar, oferece a melhor oportunidade para maximizar a coleta. Isso pode ser ambicioso, mas somente quando uma quantidade suficiente de plásticos produzidos realmente entrar no sistema de reciclagem, poderemos mudar de um modelo linear para um modelo circular.
Dito isso, podemos ainda precisar considerar abordagens alternativas para coleta e classificação de filmes, tubos, formatos pequenos e outros tipos de embalagens desafiadoras.
O design circular como parte da estratégia
Reciclar e reutilizar são uma tendência nos princípios orientadores no design das embalagens de consumo nos próximos anos. O objetivo é facilitar o processo de reciclagem ou reutilização das embalagens para os clientes. Isso é chamado design circular e é uma parte importante do esforço para conseguir um sistema de embalagem circular.
O design traz também uma oportunidade para impulsionar uma mudança social positiva. Afinal, se reduzirmos nosso consumo de recursos e aumentarmos o controle de plásticos, também teremos uma visão melhor da legislação global sobre o plástico. A partir disso, saberemos como podemos contribuir para garantir que estamos caminhando na direção correta.
Avançando no cenário de processamento
Maximizar nosso fluxo de reciclagem mecânica é imperativo tanto da perspectiva econômica quanto da mudança climática. Por este motivo, os materiais plásticos que podem ser devem ser reciclados mecanicamente. Para aqueles que não podem, precisaremos contar com a reciclagem avançada (às vezes chamada reciclagem química), que leva os plásticos mais difíceis de reciclar de volta às matérias-primas. Isso é essencial para capturar o valor desses materiais e permitir o conteúdo reciclado em grande escala em aplicações exigentes, como o contato com alimentos.
Para que a reciclagem avançada alcance aceitação e tração no mercado, no entanto, precisaremos de mudanças nas definições de conteúdo reciclado para incluir o resultado da reciclagem avançada – um elemento importante aqui é a utilização dos princípios do balanço de massa ao calcular o conteúdo reciclado.
Outra chave para “fechar o ciclo” é o estabelecimento de padrões nacionais e uma abordagem harmonizada para a reciclagem que incentiva a coleta de mais material plástico e melhora a qualidade e consistência nas comunidades e no país. Finalmente, os mercados finais para resina pós-consumo (PCR) devem ser otimizados e economicamente viáveis para todos os materiais.
Isso nos leva a uma consideração final: acessibilidade. Enquanto for mais caro produzir o PCR do que ele pode ser vendido, não haverá investimento para entregar a qualidade e a quantidade necessárias. Mercados finais aprimorados são essenciais para agregar valor.
Saídas lineares, como agregado para construção e madeira plástica, que tradicionalmente valorizam o PCR principalmente como um meio de reduzir os custos de insumos, sempre serão necessárias como um lar para plásticos “aposentados”, mas eles não são os mercados circulares do futuro.
Estratégias para criar uma economia circular de plásticos:
- Prolongar o uso. Para alguns produtos, isso significa projetá-lo para durar mais, ser reparável e ter valor de revenda. Alternativamente, trocar por materiais reciclados para manter os materiais em uso por mais tempo;
- Evitar o uso desnecessário. Usar embalagens de plástico com a maior moderação possível;
- Desenhar produtos para serem reutilizados;
- Projetos para reciclagem de produtos ou embalagens de alta qualidade;
- Coleta, triagem e reciclagem direcionadas do plástico, para ele poder ser reaproveitado com qualidade;
- Modelos de negócios para uso otimizado. Por exemplo, fazer o aluguel de produtos e ao invés de comprá-los.
Um problema solucionável
A sociedade se depara com o impacto negativo do uso do plástico, que está mais aparente na forma de poluição. Porém, são os produtos de plástico que permitem a distribuição de vacinas e dispositivos médicos que salvam vidas. Carros e aviões se tornaram mais leves e mais econômicos graças às peças plásticas, e a eletrônica que define a era digital não existiria sem o plástico. Em alguns casos, o material oferece estes benefícios usando significativamente menos recursos e com impactos ambientais menores do que os materiais alternativos.
No entanto, a durabilidade dos plásticos também significa que eles não se degradam rapidamente no meio ambiente ou em aterros sanitários. Atualmente, poucos deles são reciclados. Este é um problema solucionável, que exige que reformulemos nossas percepções de plásticos pós-uso. Temos que deixar de vê-los como um produto residual e passar a ver como um recurso. Também exigirá a colaboração de toda a cadeia de valor, incluindo governo, pesquisadores e ONGs. O trabalho conjunto pode recuperar e reutilizar mais plásticos e atingir a ambiciosa meta de possibilitar uma economia circular de plásticos. Um mundo sem resíduos plásticos, é o mundo em que todos nós queremos viver.