Um artigo publicado em janeiro deste ano na Atlantic demonstra como a superficialidade na análise de informações leva a conclusões incorretas. A publicação nega evidências relacionadas à funcionalidade do plástico, descartando a reciclagem e a função do material como alternativa na produção de itens de longa vida útil, reduzindo assim o uso de recursos naturais.
A autora e socióloga ambiental Rebecca Altman cita um relatório da Beyond Plastics, que afirma que a produção de plásticos pode ter emissões maiores que as usinas de carbono até o final da década, ignorando o contexto em que essa informação se apresenta.
Só nos Estados Unidos, o aumento da prevalência de gás natural e de outras fontes de energia renovável reduziu a dependência do carvão em cerca de 50% entre 2011 e 2021.
No entanto, os plásticos continuam sendo um insumo extremamente importante para a economia e para a cadeia de consumo, graças a características como durabilidade, flexibilidade e versatilidade.
Outro ponto a ser evidenciado é a falsa comparação entre as indústrias de plástico e as de outros materiais menos utilizados, como o vidro, no que diz respeito à emissão de gases. Muitos ambientalistas defendem a substituição do plástico pelo vidro. No entanto, se todas as garrafas plásticas fossem trocadas por recipientes de vidro, as indústrias deste último material emitiriam quantidade de gás carbônico equivalente a 22 grandes usinas de carvão, aumentando o impacto negativo no meio ambiente.
Também há evidências sobre a substituição do plástico por outros materiais que mostram que essa não seria uma decisão correta do ponto de vista ecológico. A produção de alumínio, por exemplo, emite 30% de CO2 a mais que a de plástico, enquanto a fabricação de aço, ferro e concreto podem exceder a emissão de plástico em até 200%.
O longo ciclo de vida do plástico é, na verdade, uma vantagem
Também há outros estudos em circulação que evidenciam as vantagens ambientais que o plástico oferece. O white paper “Plastics and Sustainability” (Plásticos e Sustentabilidade), escrito pelo cientista ambiental e membro sênior do Fraser Institute, Kenneth Green, traz o resultado da avaliação dos ciclos de vida de diversos materiais. Este documento evidencia que o plástico é o material mais benéfico ao meio ambiente em comparação a outros, como vidro, alumínio, ferro e placa de fibra líquida.
Outros estudos demonstram que os canudos plásticos têm 60% menos potencial de aquecimento global e despendem 50% menos energia para a produção do que outras alternativas. Como os Estados Unidos pretendem reduzir as emissões de gases estufa pela metade até 2030, o plástico ocupa papel fundamental no alcance dessa e de outras metas climáticas.
Além disso, é possível levantar outras soluções para o meio ambiente nas quais o plástico tem grande importância, como a substituição da madeira, evitando o desmatamento e a aplicação em tecnologias de energia eólica e solar que dependem da leveza e durabilidade do material. O plástico também permite a construção de estruturas flexíveis, duráveis e impermeáveis que oferecem isolamento térmico, essenciais para comunidades que sofrem com eventos climáticos extremos.
Reciclagem: solução viável e carente de investimentos
Outro ponto bastante falho no artigo publicado na Atlantic é a desvalorização da reciclagem como solução ecológica válida. Além de reduzir os impactos ambientais, aumentar a taxa de reaproveitamento pode gerar um grande número de empregos.
As inovações em tecnologias de reciclagem também podem incentivar a criação de uma economia mais circular, algo que os especialistas consideram essencial para o alcance das metas climáticas globais.
Podemos citar iniciativas em outros países que estão dando resultados positivos. No Canadá, o investimento da RecycleBC em sistemas de reciclagem aumentou as taxas de reaproveitamento em mais de 75%. No setor privado, indústrias estão utilizando plástico reciclado para a produção de diversos produtos de consumo.
Além das tecnologias de reciclagem tradicionais, também há outras opções que apontam novos caminhos, como a transformação do plástico em combustível. Técnicas avançadas são capazes de aproveitar plásticos considerados não recicláveis e decompô-los em seus componentes originais, criando insumos para a produção de itens completamente novos.
Como toda tecnologia recente, há um grande espaço para desenvolvimento, mas pouco pode ser feito sem investimento. Essa escalada deve ser estimulada, e não desacreditada por artigos que desconsideram a visão do todo e descredibilizam o plástico como material importante para a nossa sociedade e para um mundo melhor.
Devemos usar as evidências disponíveis para análises inteligentes e para a criação de soluções práticas, baseadas em boa informação, em vez de selecionar fatos que podem desperdiçar ótimas soluções.
Fontes:
https://www.theatlantic.com/science/archive/2022/01/plastic-history-climate-change/621033/