Cada sistema alimentar é multidimensional. Quando falamos sobre como tornar esses sistemas alimentares melhores, estamos falando sobre abordar tudo, desde o uso de pesticidas e biodiversidade de terras agrícolas até segurança alimentar e justiça social.
Alguns fatores são mais importantes que outros, e as emissões de gases de efeito estufa estão em primeiro lugar. Porque, se não conseguirmos controlar as emissões de gases, a mudança climática catastrófica que se seguirá acabará com as tentativas de lidar com as outras dimensões com as quais nos importamos.
Como estamos comendo hoje
Na última análise da EAT Forum, organização sem fins lucrativos que é líder em sistemas alimentares, a equipe reuniu dados sobre as emissões per capita dos sistemas alimentares dos países do G20. Em seguida, eles compararam os dados a uma dieta de referência, conhecida como Dieta da Saúde Planetária, que é saudável e gera emissões que limitam o aquecimento global a não mais que 1,5 grau Celsius.
O que podemos comer mais
O resultado foi que a maior parte do G20 não está nem perto da meta. O consumo no mundo desenvolvido de alimentos com baixo teor de carbono, incluindo nozes, peixes, vegetais, legumes e frutas, está dentro do limite de 1,5ºC. Em outras palavras: podemos aumentar nosso consumo desses alimentos e ainda assim permanecer no caminho certo.
O que já está no limite
Mas existem outros produtos já estão no limite. Em média, em todo o G20, estamos no nosso limite para ovos e aves. Mas ainda estamos dentro do limite apenas porque algumas nações consomem muito menos desses alimentos. Nos Estados Unidos, o consumo de laticínios é mais que o dobro da meta de fronteira planetária.
E o que deveríamos diminuir o consumo com urgência
E carne vermelha? Bem, ela é o maior problema. A média do G20 é mais que 500% da meta. O pior infrator é a Austrália, onde o consumo per capita é cerca de 10 vezes o valor recomendado pelo EAT. A produção de carne bovina requer significativamente mais recursos (por exemplo, terra, fertilizantes e água) do que outras fontes de carne. Como ruminantes, o gado também produz metano que outras fontes (por exemplo, porcos e galinhas) não produzem.
O que os governos poderiam fazer a respeito?
Uma alavanca para mover esses sistemas nacionais na direção certa poderia ser uma guia dos governos sobre o que constitui uma dieta saudável. Ninguém é ingênuo de pensar que os políticos podem mudar imediatamente a maneira como as pessoas pensam sobre a carne. Mas definir diretrizes dietéticas nacionais, moldam o discurso em torno do que constitui uma boa alimentação, o que com o tempo acaba influenciando os hábitos alimentares.
As metas de emissões importam
Infelizmente, as diretrizes alimentares do G20 não estão alinhadas com as metas de emissões. Vale ressaltar que os governos da Austrália, Argentina, Brasil e os Estados Unidos não aconselham dieta com alto teor de carne vermelha, mas por motivos de saúde. Não há conflito entre nutrição e emissões de carbono. A Dieta da Saúde Planetária oferece tudo o que um ser humano precisa: e ela apenas faz isso apenas usando menos carne vermelha e laticínios enquanto usa mais legumes e vegetais.
O que é a dieta planetária?
A dieta saudável planetária é uma dieta de referência mundial para adultos e é simbolicamente representada por meio prato de frutas e vegetais. A outra metade consiste principalmente de grãos inteiros, proteínas vegetais (feijões, lentilhas, leguminosas, nozes), óleos vegetais insaturados, quantidades modestas de carne, laticínios e alguns vegetais ricos em amido.
A dieta é bastante flexível e permite adaptação às necessidades dietéticas, preferências pessoais e tradições culturais. As dietas vegetarianas e veganas são duas opções saudáveis dentro da dieta de saúde planetária, mas são escolhas pessoais.
Faça a sua parte
Quaisquer que sejam suas opiniões sobre comer carne, há motivos para pensar sobre isso. As emissões agrícolas, das quais a carne constitui uma grande parcela, devem cair se quisermos evitar os impactos mais severos das mudanças climáticas. E embora existam maneiras de reduzir as emissões da produção de carne bovina, é um consenso entre os especialistas que também temos que comer menos carne, particularmente menos carne vermelha.
No entanto, ainda que as pessoas realmente diminuíssem o consumo de carne haveria também impactos negativos. Milhões de pessoas trabalham em empregos que serão afetados por essas mudanças. Comunidades inteiras dependem da pecuária e do processamento de carne. Os fundos de investimento têm bilhões amarrados em produtos de carne. É preciso planejar uma transição justa. Mas sem continuar deixando esse assunto para depois, afinal os impactos estão sendo sentidos agora. Não ter considerações ambientais em algo relacionado à comida é loucura.