As embalagens plásticas ajudaram a permitir que à crescente população mundial tivesse acesso a alimentos frescos, água potável e medicamentos. Ao mesmo tempo, elas reduziram a deterioração e o desperdício de alimentos. Isso também se refletiu diretamente em menores emissões de carbono na cadeia de suprimentos, além de uma qualidade de vida melhor e mais saudável para bilhões de pessoas.
As embalagens são essenciais para preservar a qualidade dos alimentos, minimizar o desperdício e reduzir o uso de conservantes. Elas tem a importante função de conter os alimentos, protegendo-os contra danos físicos e químicos e, ao mesmo tempo, fornecer informações essenciais para consumidores como o conteúdo nutricional e informações sobre ingredientes.
Mas aqui está o lado negativo disso tudo. Apesar de todos os aspectos positivos das embalagens de plástico, elas também estão no centro de uma tragédia global. Muito plástico está sendo produzido e inegavelmente prejudicando os sistemas biológicos da Terra. Até 8 milhões de toneladas métricas de resíduos plásticos chegam aos nossos oceanos todos os anos. E estima-se que apenas 9% de todo o plástico já fabricado tenha sido reciclado. Ainda existem muitos desafios para a reciclagem.
Como tudo começou
A primeira versão comercialmente viável das embalagens foi feita com celofane. O material foi inventado por um químico suíço chamado Jacques Brandenberger em 1923. Ele vendeu os direitos de uso para a empresa DuPont na América. Os usos iniciais do celofane incluem embrulho de chocolates, perfumes e flores.
Mas a DuPont teve um problema. Alguns clientes não ficaram felizes com essas embalagens. Apesar de o celofane ser à prova d’água, ele não era à prova de umidade. Doces ficam grudados nas embalagens; facas enferrujavam dentro delas; cigarros secavam. Foi quando a DuPont contratou um químico, William Hale Charch, e encarregou-o de encontrar uma solução.
Em um ano ele criou um celofane melhorado. Cobriu o material que já existia com camadas extremamente finas de nitrocelulose, cera, um plastificante e um agente de mistura. As vendas decolaram. A nova embalagem transparente foi um sucesso.
As mudanças nos supermercados
Na década de 1930, os supermercados estavam mudando. Os clientes começavam a escolher sozinhos os produtos das prateleiras. Segundo Ai Hisano, pesquisador da Harvard Business School, a nova embalagem impactou não apenas na maneira como os consumidores compravam alimentos, mas também a maneira como eles entendiam a qualidade dos alimentos. O celofane passou a permitir que eles escolhessem os alimentos com base em sua aparência, sem sacrificar a higiene ou o frescor.
Os desafios nas vendas de carnes
O balcão de carnes era o mais difícil para o armazenamento dos produtos. O problema é que a carne, uma vez cortada, pode descolorir rapidamente. Para isso foram encontradas soluções: aditivos antioxidantes e uma versão melhorada de uma embalagem que libera uma certa quantidade de oxigênio.
As novas tecnologias em embalagens
Com a evolução das embalagens plásticas foram surgindo produtos feitos com cada vez mais camadas feitas com polímeros diferentes. Há uma razão para isso: materiais diferentes têm propriedades diferentes, e várias camadas podem oferecer um melhor desempenho em uma embalagem mais fina – portanto, mais leve. O grande problema é que esses materiais de embalagem compostos por várias camadas são mais difíceis de reciclar.
A troca é difícil de entender
Enquanto as embalagens recicláveis ficam mais pesadas por serem feitas de um material só, na prática, isso seria compensado pelo fato delas poderem ser recicladas. E fica a dúvida se as embalagens mais leves, porém não recicláveis realmente geram menos desperdício. E quando você começa a pesquisar sobre embalagens plásticas, esse tipo de conclusão contra-intuitiva surge o tempo todo.
A importância das embalagens
A embalagem protege contra danos ou contaminação por microrganismos, ar, umidade e toxinas. Ela também evita derramamento ou vazamento do produto. E principalmente aumenta a vida útil dos alimentos. Parece besteira envolver pepinos em filme plástico um a um, mas e se isso significar que eles permaneçam frescos por 14 dias ao invés de três?
O que é pior 1,5 g de filme plástico ou pepinos inteiros jogados fora antes de serem consumidos? De repente, não é tão óbvio. São os sacos plásticos impedem que as bananas apodreçam tão rapidamente, ou que as batatas fiquem verdes e que guardam as uvas que caem cachos.
A conservação de alimentos evita desperdícios
Um supermercado do Reino Unido experimentou retirar todas as frutas e legumes de suas embalagens – e sua taxa de desperdício de alimentos dobrou. E não é apenas o prazo de validade: aumentaram também os resíduos criados antes que os alimentos cheguem à loja.
De acordo com um relatório do governo do Reino Unido, apenas 3% dos alimentos são desperdiçados antes de chegar às lojas. Nos países em desenvolvimento, esse número pode ser de 50% – e essa diferença se deve em parte à maneira como os alimentos são embalados. Como muitos de nós moramos em cidades, longe de onde a comida é cultivada, isso importa.
As alternativas para as embalagens
Mesmo a temida sacola de uso único pode não ser o vilão que parece. Se você comprou sacolas resistentes e reutilizáveis em seu supermercado, é provável que elas sejam feitas de polipropileno não tecido – e são menos prejudiciais, mas somente se você as usar pelo menos 52 vezes. Isso está de acordo com um relatório do governo dinamarquês, que ponderou os variados impactos ambientais da produção e descarte de diferentes tipos de sacolas.
Como resolver o enigma
Então, como resolvemos o problema das embalagens plástica e, ao mesmo tempo, garantimos que elas não prejudiquem o meio ambiente?
A resposta é adotar uma mentalidade de economia circular que fecha o ciclo dos recursos ao final da vida útil e nos permite recuperá-los e reutilizá-los da maneira mais eficiente possível.
Nossa economia circular precisa ter horizontes duplos: um horizonte próximo que permita realizar vitórias significativas no curto prazo e um segundo horizonte de longo prazo que promova investimentos em tecnologias inovadoras que permitiriam dissociar o consumo de matérias-primas e as emissões de carbono do crescimento econômico.
Para progredirem direção a um futuro de baixo carbono – que proteja nossos oceanos do plástico e do meio ambiente das emissões de gases de efeito estufa – precisaremos de várias soluções baseadas em uma abordagem de dois horizontes.
O que seria usar uma embalagem sustentável?
É o desenvolvimento e uso de embalagens recicláveis, reutilizáveis e fabricadas com recursos ou materiais rapidamente renováveis. Essa prática reduz o impacto ambiental e a pegada ecológica dos resíduos de produtos de consumo. Tudo isso envolve não apenas a necessidade de realizar testes e gerar mudanças nos materiais utilizados, mas também aplicar campanhas de informações corretas que destacam o compromisso da empresa com o meio ambiente.
Em outras palavras, se uma empresa obteve embalagens ecológicas, é essencial que o comprador saiba que estão sendo usadas embalagens biodegradáveis, recicláveis ou reutilizáveis.
Conclusão
Com o mundo pronto para adicionar outros dois bilhões de pessoas entre agora e 2050, precisamos tomar as decisões mais informadas e sustentáveis hoje para garantir que teremos água limpa e alimentos seguros amanhã. Ao mesmo tempo, podemos observar uma transformação na demanda por produtos e embalagens ecologicamente corretos. Diante de consumidores cada vez mais conscientes e conhecedores, as empresas estão respondendo com inovações e embalagens melhores.
A solução não será o fim do uso das embalagens e sim a criação de uma embalagem melhor, idealizada em laboratórios de pesquisa e desenvolvimento, do tipo que nos deu celofane à prova de umidade todas essas décadas atrás. Os consumidores de hoje já encontram opções que variam desde embalagens ecológicas a designs que realmente auxiliam no processo de reciclagem. Há muita consideração e ciência na seleção do recipiente e material de embalagem corretos para os fabricantes.
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