O efeito das mudanças climáticas representa uma ameaça para os biomas e, consequentemente, para todas as espécies que neles habitam. Já estamos sentindo as consequências: no Brasil houve o aumento das queimadas no Pantanal e na Amazônia, a Europa está sofrendo com chuvas intensas e inundações relâmpago e os EUA sofrem com ondas de calor, incêndios florestais e gafanhotos. Parece o fim do mundo, mas são apenas as consequências diretas e concretas de um problema global que reflete a interconexão de nossa sociedade.
O planeta está esquentando e a atividade humana é amplamente responsável por esse aquecimento. Gases de efeito estufa extras em nossa atmosfera são o principal motivo. Dióxido de carbono (CO₂) e metano, por exemplo, prendem o calor do Sol na atmosfera da Terra. Essas emissões vem da queima de combustíveis no caso do carbono e da decomposição do lixo. Esse é um problema especialmente no caso dos resíduos orgânicos, pois sua decomposição em um ambiente pobre em oxigênio produz metano. As geleiras estão derretendo no oceano, o nível global do mar e a temperatura da água estão subindo. Temos pouco tempo para agir.
Para enfrentar adequadamente esta crise, devemos reduzir urgentemente a poluição por carbono e nos prepararmos para as consequências do aquecimento global que já estamos vivendo. É aí que a reciclagem pode entrar como um mecanismo para ajudar. Melhorar a gestão de resíduos ajuda na mitigação das mudanças climáticas. A solução para esse grande problema exigirá colaboração global, flexibilidade e coragem para tentar coisas novas. Reduzir as emissões não será uma tarefa fácil e não existe consenso sobre como alcançar as reduções necessárias para proteger as gerações futuras de catastróficas crises ambientais e humanitárias.
A reciclagem pode ajudar a combater as mudanças climáticas?
Como acontece com a maioria das perguntas que fazemos sobre as questões ambientais, a resposta é um pouco mais complexa do que um simples sim ou não. Existem muitas razões pelas quais o processo de reciclagem é benéfico para o meio ambiente. De acordo com este relatório da EPA (U.S. Environmental Protection Agency), o uso de plástico reciclado, por exemplo, reduz o impacto ambiental da energia e das emissões em mais de 50%. Para outros materiais recicláveis, como papel e alumínio, isso pode chegar até 75 ou 80%. Mas de uma forma geral a resposta é: sim, a reciclagem ajuda a combater as mudanças climáticas.
Se reciclássemos mais, as pessoas teriam menos necessidade de comprar novos produtos, portanto, menos produtos precisariam ser transportados. A reciclagem também mantém os resíduos fora dos aterros, o que elimina a necessidade de serem incinerados. Essa incineração de lixo libera milhões de toneladas de CO₂, além de outros gases de efeito estufa e inúmeros poluentes na atmosfera. Portanto, sim, a reciclagem ajuda o clima a longo prazo, mas só o faz se o sistema estiver funcionando corretamente.
A reciclagem também ajuda a reduzir as emissões de gases de efeito estufa, reduzindo o consumo de energia. O uso de materiais reciclados para fazer novos produtos reduz a necessidade de materiais virgens. Isso evita as emissões de gases de efeito estufa que resultariam da extração ou mineração de materiais virgens. Além disso, fabricar produtos com materiais reciclados normalmente requer menos energia do que fabricar produtos com materiais virgens.
Reciclar materiais economiza energia
Cada vez que um novo produto é feito a partir de matéria-prima nova, grande quantidade de energia é consumida. A redução do consumo de energia reduz as emissões de gases de efeito estufa. Na maioria dos materiais, a reciclagem usa menos energia, o que se traduz em menos combustíveis fósseis queimados e emissões reduzidas de gases de efeito estufa que contribuem para as mudanças climáticas.
A reciclagem de metais como, por exemplo, usar restos de alumínio reciclado para fazer latas de alumínio, consome 95% menos energia do que fazer latas de alumínio com minério de bauxita (a matéria-prima usada para produzir alumínio). Outro exemplo é o aço. É preciso 75% menos energia para fazer aço reciclado do que o aço produzido com sua matéria-prima, o minério de ferro.
A conexão entre a reciclagem e as mudanças climáticas
Além de economizar energia e recursos naturais (extração de matéria-prima), a reciclagem também evita a decomposição dos resíduos no aterro sanitário. Isto ajuda no combate às mudanças climáticas. Menos lixo nos aterros significa menos liberação de gases de efeito estufa, ricos em carbono, na atmosfera.
Em si, a reciclagem não é uma solução para o nosso problema climático, mas sua pegada de carbono é melhor que as alternativas de gerenciamento de resíduos. A reciclagem também ajuda a reduzir o desperdício e, portanto, a poluição. Ou seja, a reciclagem reduz o impacto ambiental na totalidade e contribui para um estilo de vida mais sustentável.
A reciclagem como um caminho
Mas a reciclagem é muito mais do que apenas uma alternativa a aterros ou incineração. Há benefícios substanciais em trocar materiais virgens, extraídos por meio de mineração e desmatamento, com o uso de equivalentes reciclados. Em uma variedade de materiais, usar conteúdo reciclado em vez de conteúdo virgem reduz o uso de energia e as emissões na fabricação de novos produtos.
Em quase todos os casos, a reciclagem economiza carbono, embora a economia possa ser bem diferente dependendo do material que está sendo reciclado. Os metais, por exemplo, trazem maior economia. Para materiais que são mais difíceis de reciclar, a incineração é mais eficiente do que aterros para capturar e usar gases de efeito estufa.
Por mais importante que seja a gestão correta de resíduos para o meio ambiente, essa estratégia deve ser parte de um plano integrado e multifacetado para sociedades humanas sustentáveis. Ou seja, para que a reciclagem contribua para a mitigação das mudanças climáticas, ela deve ser parte de uma abordagem holística, minimalista e com eficiência energética para a gestão de resíduos.