Mudar nosso sistema de energia para enfatizar essas fontes limpas é a única maneira de desacelerar o processo de mudança climática, já que as emissões de combustíveis fósseis fazem com que mais calor fique preso no planeta. No Brasil, 60,4% da energia é hidrelétrica, 8,7% vem do vento, 8,4% da biomassa, 8,3% do gás natural, 5,1% dos derivados do petróleo e 2,0% do carvão. Mas é a energia solar a fonte de energia limpa que mais cresce e chama a atenção dos brasileiros, seguindo uma tendência mundial.

Apesar de ter condições muito favoráveis para produzir essa fonte de energia limpa, o uso da energia solar para geração de eletricidade por aqui ainda não é considerado uma opção popular. É uma pena, considerando que o nosso país tem um potencial enorme para gerar eletricidade a partir do Sol. O Brasil começou tarde a aproveitar o enorme potencial solar em seu vasto território. O impulso inicial veio em 2012, quando o país adotou regras que incentivam a geração distribuída de eletricidade, também conhecida como geração descentralizada por se basear em muitas pequenas fontes. Isso coincidiu com a queda acentuada no custo de instalação de painéis solares, que teve um papel decisivo no boom dos últimos anos.

Fatores que favorecem o uso de energia solar no Brasil 

Temos muitas regiões ensolaradas e cheias de potencial energético para aproveitar. Por exemplo: na Alemanha, a radiação solar na região mais ensolarada que é uma das líderes no uso de energia fotovoltaica, é 40% menor do que na região menos ensolarada do Brasil. Nas cidades existem muitas áreas no topo de edifícios e nos telhados das casas para a instalação de painéis fotovoltaicos. Nas áreas rurais esta fonte de energia seria uma opção limpa e segura para levar eletricidade a comunidades isoladas e de difícil acesso.

Outra vantagem é ter matéria-prima. O Brasil possui uma das maiores reservas de silício do mundo. Isso significa que podemos desenvolver uma indústria local de produção de células solares, e assim gerar novos empregos e retorno de impostos. Para isso, precisamos investir em pesquisas para desenvolver uma purificação do silício que precisa ser superior ao silício utilizado na siderurgia.

A participação das fontes renováveis (solar, eólica, de biomassa e de pequenas hidrelétricas) na matriz elétrica brasileira aumenta a cada ano, com previsão de crescimento de 27% nos próximos anos, saltando dos atuais 22% de participação para 28% até 2027. 

Vantagens do uso de energia solar 

  • Baixo impacto ambiental
  • Produz maior quantidade de energia elétrica em horários de alta demanda (ex.: o uso de ar condicionado é maior quando está quente, portanto, existe maior geração de energia solar);
  • Redução das perdas por transmissão e distribuição
  • Redução de investimentos em linhas de transmissão e distribuição
  • Não precisa de uma área física dedicada
  • Rápida instalação 

Quanto custa a energia solar fotovoltaica?

Ao instalar placas solares na sua casa, você economizará na conta de luz já no primeiro mês. A economia depende da potência do sistema fotovoltaico que você escolheu. Não ser preciso ser preocupar com os aumentos da tarifa de eletricidade pelos próximos 25 anos, que é o tempo de garantia fornecido pela maioria dos fabricantes de placas solares. 

Em 2014, o preço médio cobrado pelos instaladores no Brasil foi de R$ 8,69 por Watt pico (Wp) instalado, segundo estudo anual do Instituto Ideal denominado “Relatório Anual 2015 – o mercado brasileiro de geração solar fotovoltaica distribuída” . Isso significa que para atender a demanda de energia da sua casa você precisa de dois quilowatts pico (2kWp), ou seja,  você terá que investir, em média, R$ 17.380,00. Porém, vale a pena fazer orçamentos com várias empresas diferentes, pois a variação de preços no país ainda é grande.

Por que estamos tão atrasados? 

Apesar do imenso potencial para geração de energia elétrica a partir da radiação solar, o Brasil ainda engatinha na produção de energia solar fotovoltaica. Em 2019, as instalações fotovoltaicas adicionaram 557MW (de um total de 7.246MW adicionados no total) à capacidade instalada brasileira, correspondente a menos de 1,5% de toda a potência elétrica instalada no Brasil. As usinas eólicas, em contrapartida, contribuem com cerca de 9%.  

Essa potência adicionada ao Sistema Elétrico Brasileiro a partir de usinas solares significa um crescimento de 92% em relação ao ano anterior, o que confirma o imenso potencial dessa de energia, ainda pouco explorada no Brasil.

As razões para esse aproveitamento ruim são várias, mas principalmente a falta de apoio e de interesse governamental, que prioriza a geração centralizada através de usinas hidrelétricas, e levada aos centros consumidores por diversas empresas distribuidoras. Afinal, estes são grandes agentes no Setor Elétrico Brasileiro.

Um dos principais motivos para a baixa adesão dos consumidores à utilização de energia solar fotovoltaica é o investimento inicial para a instalação. A maior parte dos equipamentos e materiais necessários é importada, e fica sujeita à variação cambial e a uma taxação até poucos anos atrás proibitiva para a maioria dos consumidores, sejam residenciais, comerciais ou mesmo industriais.

Falta incentivo do governo

Nos últimos anos vem surgindo linhas de crédito de bancos estatais e privados para compra e instalação dos sistemas solares nas unidades consumidoras, o que vem contribuindo para o aumento da chamada geração distribuída, em que a energia elétrica é gerada próxima ou no local onde é consumida. Esse conceito é uma quebra de paradigma do modelo vigente, em que se priorizou a construção de grandes usinas (sejam hidrelétricas, termelétricas, nucleares e até mesmo eólicas, nos últimos anos) distantes dos centros consumidores, que são abastecidos por extensas linhas de transmissão e grandes centrais de distribuição da energia elétrica.

Devido a suas características, a energia solar fotovoltaica é ideal para pulverizar sua geração praticamente em cada ponto de utilização, reduzindo drasticamente os custos de transmissão e distribuição da energia. Com cada consumidor podendo gerar sua própria energia e, em alguns casos, podendo “vender” a energia excedente para a rede interligada, a geração distribuída proporcionada pela energia solar fotovoltaica se trata de uma revolução na maneira como lidamos com a geração, uso e comercialização da energia elétrica.