Os hospitais estão cheios de plástico esterilizado descartável. Os defensores do meio ambiente buscam maneiras de manter a higiene nos cuidados com a saúde. Ao mesmo tempo, é preciso causar um menor impacto ambiental no descarte deste material.
Ao contrário dos copos, pratos e talheres descartáveis, por exemplo, é difícil cortar o plástico quando se trata de um hospital. O plástico descartável está enfrentando mais oposição do que nunca, mas a indústria médica pode ser a área onde os consumidores individuais mais precisam dele. O plástico descartável é uma opção atraente para hospitais. Ele é barato, durável e facilmente descartável. Cada novo recipiente ou cobertura de plástico oferece um ambiente estéril. É por isso que os médicos se cobrem e tudo o que usam é de plástico.
O que fazer com tantos resíduos?
A Practice Greenhealth, uma organização sem fins lucrativos que trabalha para tornar os hospitais mais sustentáveis, estima que 25% dos resíduos gerados por um hospital é de materiais plásticos. Apesar de todas as maneiras pelas quais o plástico revolucionou a indústria médica no século passado, ele agora está sendo avaliado para se decidir o que fazer com tantos resíduos. Todo este plástico pode facilmente acabar em ambientes marinhos e os combustíveis fósseis necessários para produzir esses plásticos podem contaminar o ar e a água.
Cada vez mais, o uso irrestrito de plástico está em conflito com a promessa de não causar danos ao meio ambiente. Porém, em hospitais, será mesmo possível evitar o plástico?
Plástico novo e limpo
Os plásticos para aplicações biomédicas têm muitas propriedades desejáveis, incluindo baixo custo, facilidade de processamento e capacidade de serem esterilizados facilmente. Eles também podem ser modificados com revestimentos que os tornam particularmente resistentes aos micróbios.
Pesadelo do descarte
Em 2018, a China anunciou que não compraria mais dois terços dos resíduos de plástico do mundo. Isso deixou poucas opções para os países que exportavam todo esse lixo a não ser jogar o lixo plástico misturado em aterros ou incineradores. O problema é que o PVC que acaba em incineradores pode liberar produtos químicos tóxicos.
Os desafios
Dentro do ambiente hospitalar existem diferentes tipos de plásticos que podem ser recuperados e os que não estão sendo recuperados hoje por uma série de razões. Existem itens usados no atendimento ao paciente, por exemplo, que não entram em contato com os pacientes, portanto não são produtos de risco biológico e poderiam ser reciclados. Por exemplo: embalagens e recipientes de armazenamento.
O envoltório azul
Um dos itens de plástico mais comuns jogados para fora das salas de cirurgia é o “envoltório azul”, uma folha de polipropileno que cobre ferramentas esterilizadas, que é removida e descartada antes das cirurgias.
Sua natureza de uso único deixa uma pequena montanha de lixo para trás. Alguns hospitais estão experimentando substituir o invólucro azul por recipientes de esterilização reutilizáveis, que podem ser limpos da mesma forma que os instrumentos. Outro item abundante em instalações médicas é a bolsa de esterilização: uma pequena bolsa usada para manter o equipamento esterilizado livre de germes.
A prevenção da contaminação
Um dos impulsionadores que ajudou a incentivar o uso de dispositivos descartáveis e embalagens excessivas no setor de saúde foi a grande preocupação com a propagação de doenças infecciosas como a AIDS.
Apesar da sua comprovada eficiência, é preciso ter cuidado com o uso indiscriminado de plástico dentro dos hospitais. Nem sempre o uso de plásticos no ambiente hospitalar é sinal de segurança. Certos tipos de plásticos, como cloreto de polivinila (PVC), podem conter produtos químicos tóxicos. Um estudo de 2016 descobriu que pacientes jovens expostos a um aditivo comum de PVC chamado DEHP – um tipo de ftalato – durante a terapia intensiva mostraram sinais de declínio neurocognitivo mais tarde na vida.
Oportunidade de reciclagem
Existem boas razões para o uso de plásticos descartáveis em grande quantidade nos hospitais, começando com a melhoria da segurança para o paciente, porque estes dispositivos reduzem o risco de infecção. Além disso, os dispositivos de plástico moldado permitem inovação de design e menor custo em comparação com dispositivos de metal.
Segundo a Organização Mundial da Saúde, cerca de 85% dos resíduos hospitalares não são infecciosos, e a maior parte deles é reciclável. Apenas uma fração desse lixo entra no fluxo de reciclagem – a maior parte é depositada em aterro ou queimada, e algumas empresas de coleta de resíduos relutam em levar materiais médicos, como explica a Plastics Industry Association em seu artigo do Watching: Plastics ‘Contributions to Healthcare.
Conclusão
É preciso ter mais cuidado no meio ambiente na área médica, reciclando dispositivos plásticos descartáveis e eliminando embalagens desnecessárias. Isso tem que ser feito desde que essas iniciativas não tenham um impacto negativo na segurança hospitalar. Entretanto, vale a pena lembrar que os plásticos melhoraram a segurança e a eficácia dos produtos médicos de inúmeras maneiras.
Apesar de muitas clínicas e hospitais implementarem projetos de sustentabilidade, eles nunca serão realmente “desperdício zero”. Isto porque sempre haverá algum tipo de componente de risco biológico que precisa ser mitigado. Para contribuírem com o meio ambiente, hospitais e instalações de assistência médica precisarão reduzir o desperdício de plástico e pensar em formas de reciclar o que é possível, assim como nos exemplos aqui citados.