A poluição por plástico e o combate a ela ganham cada vez mais destaque entre as causas ambientais. A pandemia de COVID-19 expôs a vulnerabilidade do setor de reciclagem de plásticos às mudanças no preço do petróleo. Os diversos e seguidos lockdowns ao redor do mundo, causados pela pandemia levaram a uma crise econômica que afetou diretamente os empregos e causou redução da demanda global de petróleo.
Isso fez com que os preços de commodities como o barril de petróleo caíssem em todo mundo. O preço mais baixo da matéria-prima virgem levou os fabricantes de plástico a optarem ainda mais por detrimento do material reciclado.
A redução do consumo de material reciclado tem como consequência imediata o aumento da poluição por plástico e a produção de novos plásticos, afetando negativamente a saúde do nosso planeta. A curto prazo, ameaça a subsistência de quem trabalha na gestão de resíduos de plástico em todo o mundo. E, a longo prazo, pode resultar em menor investimento no setor de reciclagem, numa combinação de receio de prejuízo por parte das empresas e falta de incentivo governamental bem direcionado.
Ações de curto prazo são a melhor saída?
Antes mesmo da pandemia, governos em todo o mundo já vinham mostrando uma tendência de apresentar soluções rápidas e de apelo popular para a poluição do plástico, a fim de sinalizar uma posição decisiva sobre a sustentabilidade.
A proibição de pratos e talheres de plástico descartáveis, por exemplo, é uma medida que tem encontrado muito apoio político, ainda que receba críticas de ambientalistas por apenas tirar o foco de outros problemas urgentes, como as mudanças climáticas e a acelerada perda da biodiversidade do planeta.
Embora essa proibição tenha seus benefícios, ela fornece apenas uma solução superficial para o problema muito maior do consumo excessivo, influenciado por nossa cultura moderna de conveniência. Tais ações parecem amenizar o problema da geração de resíduos plásticos, quando, na realidade, a resultante proliferação de outros itens pode levar a consequências ambientais ainda mais graves.
Um plano muito melhor seria implementar uma cadeia de economia circular para o plástico, mudando desde a concepção de bens de consumo e suas embalagens, passando pelo reaproveitamento deles após seu ciclo de vida, até a logística reversa para garantir efetivamente sua reciclagem.
Melhorias no combate à poluição por plástico
Banir o uso de material reciclável, como várias lideranças políticas defendem, não é uma estratégia sustentável a médio e longo prazos. Até que a substituição por materiais facilmente oxibiodegradáveis atinja os níveis atuais de produção e consumo do plástico, não podemos simplesmente fechar os olhos para o problema do consumo linear do material. É necessário rastrear o plástico em todas as etapas do seu ciclo de vida e implementar uma economia circular, de uma vez por todas.
Rastrear para controlar
Um importante ponto de partida é determinar a origem e destinação do material plástico descartado. Atualmente, não há dados suficientes sobre o comércio de plásticos entre os países, bem como sobre a utilização do material, o que significa que nem sempre há informações precisas sobre onde é gerada a maior parte dos resíduos.
Um sistema de monitoramento que possa rastrear adequadamente como os plásticos fluem em diferentes países seria útil para entender melhor onde as regulamentações podem ser necessárias.
Incentivar e Regulamentar a Reciclagem
Para fazer isso, deve haver mudanças significativas nos regulamentos e legislações para garantir que os esforços de empresas e sociedade para reciclar sejam sempre recompensados, bem como incentivos para atingir as metas de reciclagem e implantar novos parques de reciclagem.
Embora possa levar alguns anos até que os efeitos desses impostos se tornem claros, ambos provavelmente estimularão melhorias nas taxas de reciclagem de plástico, ao mesmo tempo, em que atraem investimentos para melhores instalações de reciclagem. Mas, para que medidas como essas tenham sucesso, sistemas de monitoramento precisam ser implementados para garantir que as empresas não encontrem maneiras de se esquivar das leis.
Cultura e economia da coleta Seletiva
Finalmente, o papel que o lixo plástico desempenha em diferentes culturas locais não deve ser esquecido. As convenções sobre como os resíduos de plástico devem ser tratados, bem como as atitudes em relação aos catadores informais, variando da aceitação ao estigma, afetam a forma como os sistemas de gerenciamento de resíduos de plástico operam. Esses fatores precisam ser tratados por aqueles que estão familiarizados com os costumes de cada comunidade para que esses sistemas possam ser melhorados.
Se quisermos eliminar o plástico de nossos espaços naturais, precisamos promover uma abordagem inclusiva e transparente de como os resíduos de plástico são tratados. A sociedade civil e os governos precisam incluir definitivamente a indústria de coleta na economia formal, garantindo direitos trabalhistas e sociais aos operários e fomentando o desenvolvimento econômico da atividade.