Como funciona o mercado de reciclagem no Brasil?

Reciclar é um conceito muito simples: pegue um objeto que não é mais útil e transforme-o em algo novo, em vez de apenas jogá-lo fora. Pode ser qualquer coisa. Apesar de o conceito ser simples, a prática pode ser muito complexa:  a reciclagem interage com nosso meio ambiente, nossa política, nossa economia e com nossos padrões de comportamento humano. É um processo que tem um papel importante no nosso futuro. Embora a reciclagem possa parecer um conceito moderno introduzido na década de 1970, ela já existe há milhares de anos.

Antes da era industrial, não era possível fazer produtos de forma rápida e barata, então praticamente todo mundo praticava a reciclagem de alguma forma. No entanto, os programas de reciclagem em grande escala eram muito raros. A produção em massa da era industrial é, em muitos aspectos, a razão pela qual precisamos nos preocupar com a reciclagem em grande escala. Quando os produtos podem ser produzidos (e comprados) muito baratos, geralmente faz mais sentido econômico simplesmente jogar fora os itens antigos e comprar novos. Neste artigo, veremos o que é  o mercado de reciclagem, e como ele funciona no nosso país. 

A reciclagem no Brasil

Por definição o mercado reciclabilidade depende de duas coisas: o custo para reciclar e o valor do material após reciclado. O Brasil gera cerca de 79 milhões de toneladas de resíduos sólidos por ano. Só que em relação à coleta seletiva e reciclagem de lixo, nosso sistema é muito precário e ainda há muito espaço para melhorias.

Existe pouca conscientização ambiental, falta regulamentação e fiscalização, custos com a logística são muito altos, os impostos sobre os produtos reciclados são muito altos e deixam os produtos pouco competitivos. Por tudo isso temos somente 3% de taxa de reciclagem formal dos nossos resíduos sólidos urbanos.

A principal barreira para a reciclagem no Brasil é a falta de infraestrutura. Segundo a  Associação Brasileira das Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe),  um em cada 12 brasileiros ainda não tem acesso à coleta regular de lixo. A coleta de material reciclável então, é muito rara. Faltam também medidas que realmente conscientizem a população sobre a importância da reciclagem. A reciclagem tem sido feita de forma bastante informal. É realizada principalmente por catadores, que veem a reciclagem como única fonte de renda. Poucas cidades possuem coleta de material reciclável ou unidades de reciclagem.

Materiais mais reciclados no país

Os materiais mais reciclados no Brasil são:

• Papel;
• Lata de alumínio;
• Lata de aço;
• Pneus;
• Plástico.

Desses cinco itens, latas, garrafas plásticas e papéis (principalmente papelão) são os mais reciclados no Brasil. Isso se deve ao fato de constituírem uma atividade econômica.

Descarte

É a etapa que mais depende da conscientização do consumidor, porque, muitas vezes, sobra um resíduo logo após o uso de um produto. O maior exemplo disso são as embalagens, presentes não só nas bebidas e alimentos. É responsabilidade de cada um de nós tentar descartar este resíduo corretamente. Mas também é necessário que o município ofereça o serviço de coleta seletiva 

Mas o que é fazer um descarte correto? É saber quais tipos de materiais são recicláveis, como separá-los corretamente e como prepará-los para a coleta. Caso seu bairro não tenha coleta seletiva, o melhor a fazer é levar os resíduos recicláveis a um ponto de entrega voluntária.

Coleta

Existem vários métodos de coleta, incluindo a coleta em casa, os centros de entrega e programas de depósito ou reembolso. Após a coleta, os recicláveis ​​são enviados para uma instalação de recuperação para serem classificados, limpos e processados ​​em materiais que podem ser usados ​​na fabricação. Os recicláveis ​​são comprados e vendidos da mesma forma que as matérias-primas, e os preços sobem e descem dependendo da oferta e da demanda. 

No Brasil, a coleta é responsabilidade dos municípios, exceto para grandes geradores de lixo. Outro caminho que o resíduo pode fazer é ser coletado por catadores autônomos. Estes profissionais coletam resíduos manualmente em ruas e aterros e vendem o material para os sucateiros.

Triagem

A triagem é a etapa que destina o material para o reciclador. Depois do descarte, os materiais secos são levados pela coleta seletiva até uma organização de triagem. Esta organização faz separação dos materiais por tipo e vende para um reciclador. No Brasil, a maior parte das organizações de triagem são cooperativas e fazem a separação dos materiais manualmente. 

Boa parte do material que chega nas cooperativas infelizmente acaba indo pro aterro. Isso acontece principalmente por dois motivos: o material é reciclável, mas não tem comprador porque não apresenta vantagem econômica em ser reciclado, ou o material realmente não é reciclável e foi descartado de forma errada.

Valorização

O material reciclável finalmente é transformado novamente em matéria-prima pelos recicladores. Cada reciclador é especialista em um tipo de material, porque processo de reciclagem para cada material é bem diferente. Os valores pagos pelos materiais também variam. A ideia é que o material feche o ciclo da economia circular e volte para a sua finalidade inicial. Só que isso não é tecnicamente possível para todos os materiais.

O custo do material novo é um dos pontos mais importantes para o incentivo à reciclagem. Se for mais barato usar um material virgem, fica bem complicado incentivar as empresas a usarem o material reciclado.

A equação da reciclabilidade

Reciclabilidade = (matéria-prima reciclada) – (custo de descarte + custo da coleta + custo de triagem)

Como a indústria de reciclagem cria empregos

A reciclagem economiza energia e reduz o desperdício em aterros. A indústria de unidades recicladoras também cria empregos e ajuda a economia local. A indústria de reciclagem e reutilização está envolvida no reaproveitamento de metais, papel, plásticos, vidro, materiais orgânicos, computadores e eletrônicos, pneus e outras sucatas pós-consumo e pós-industriais. Os empregos nesta indústria envolvem coleta, processamento, reutilização, remanufatura, vendas e muitas outras funções.

Em muitas partes do mundo, a indústria de reciclagem está crescendo rapidamente, o que pode levar a muitos benefícios ambientais e econômicos. A Suécia já está reciclando mais da metade de seus resíduos. Holanda, Suíça e Áustria também lideram o mercado, reciclando cerca de 50%. O processo de reciclagem tem uma grande capacidade de criação de empregos em todo o mundo, ao mesmo tempo que contribui para um ambiente melhor para as gerações futuras.

A reciclagem é importante para o nosso futuro

Reciclar também conserva recursos e protege o meio ambiente. Os benefícios ambientais incluem a redução da quantidade de resíduos enviados para aterros e instalações de combustão, a conservação dos recursos naturais, a prevenção da poluição e a redução da necessidade de coleta de novas matérias-primas. Os benefícios econômicos e comunitários incluem o aumento da segurança econômica e o aproveitamento de uma fonte doméstica de materiais. Existem muitas oportunidades de investimento no setor país.

É preciso investimento

A dependência do interesse do setor privado para a garantia da reciclagem no Brasil é um grande problema. O Estado precisa cumprir a sua parte investindo em infraestrutura para garantir o descarte adequado dos resíduos gerados no país

Muitas cidades brasileiras continuam descartando seus resíduos em lixões e contaminando o solo e da água.  Muitos nem contam com o serviço de coleta seletiva para a população. Ou seja, boa parte dos recursos em resíduos sólidos no nosso país são simplesmente desperdiçados pela falta de interesse púbico, infraestrutura básica para descarte e  investimento na seleção de resíduos.