Com a intensa industrialização e o crescimento do fast fashion, também houve um aumento dos resíduos produzidos pela indústria da moda. As roupas duram cada vez menos e as pessoas consomem em maior volume e ciclos cada vez mais curtos, o que gera problemas ambientais não só pela maior quantidade de lixo, mas também pela energia consumida nos processos produtivos e na emissão de gases poluentes.

Só no Brasil, de cada 100 toneladas de lixo têxtil produzidas anualmente, 80 são descartadas indevidamente, segundo dados da Revista Piauí. Diante dessas informações, fica evidente a importância de uma abordagem mais sustentável nessa indústria, com o fomento da economia circular, além da conscientização em relação ao consumo.

Desafios na reciclagem de tecidos

A reciclagem de roupas envolve uma série de dificuldades, por envolver uma mistura de componentes que dificulta muito a separação correta para o processamento químico dos materiais. As roupas produzidas atualmente não foram pensadas para a reciclagem por contarem com um mix desses materiais em sua composição, além das substâncias químicas usadas na produção.

Quando se trata de algodão reciclado, a qualidade da fibra torna-se empecilho. A reciclagem desse material é realizada manualmente; ao tentar transformar a fibra em um novo fio, ele perde espessura, reduzindo a qualidade do novo tecido.

Garrafas PET: uma solução para a moda sustentável

O poliéster é uma das saídas para o problema, e tem recebido bastante adesão das marcas que querem reduzir o impacto ambiental. Esse material pode ser obtido das garrafas PET recicladas, gerando também um bom ciclo de reaproveitamento do plástico.

Na verdade, o PET material foi criado originalmente para a produção de roupa na Segunda Guerra Mundial, por gerar fibras maleáveis e resistentes.

O processo de reaproveitamento das garrafas PET é bastante simples: as embalagens são fundidas a 300 graus para a eliminação dos resíduos, depois transformadas em flocos, que após um novo aquecimento, são transformados em pasta. Essa substância passa por uma bomba, que gera pequenos fios.

A malha feita a partir de garrafas PET é bastante resistente, confortável, permite a transpiração e é 20% mais leve que o algodão, sendo assim uma opção bastante interessante de consumo e que permite uma abordagem mais sustentável da moda, reaproveitando um material já utilizado. 

Novas tecnologias para uma moda de menor impacto ambiental

A rede varejista H&M lançou em Estocolmo, na Suécia, um sistema capaz de reciclar roupas usadas, que pode ser acompanhado pelo lado de fora da loja e leva apenas 5 horas para a produção de um novo tecido.

Por meio de uma tecnologia desenvolvida pela marca em parceria com duas empresas de Hong Kong ― o Instituto de Pesquisa Téxtil HKRITA e a Novetex Textiles, a peça fica pronta em 8 passos e não utiliza água, nem produtos químicos. 

Com uma meta bastante arrojada, de que toda a produção da empresa até 2030 seja por meio da reciclagem, a H&M apresenta uma alternativa bastante interessante e que abre novos caminhos para que o ciclo de produção e de consumo da moda seja repensado e reestruturado com enfoque mais sustentável.

Upcycling: renovando e reutilizando

O conceito de upcycling também é uma abordagem interessante para diminuir a quantidade de lixo e aproveitar o que já foi produzido.

Dentro dessa proposta, roupas já usadas são repaginadas, dando origem a uma peça com proposta mais atual ou a outros modelos, com a ajuda da criatividade e de um olhar afiado para a moda.

Um exemplo recente é o sucesso que o cropped de tênis tem feito. A ideia é reaproveitar tênis antigos para a criação de um cropped bem original e cheio de estilo, que se popularizou depois que a influencer Jade Picon e a cantora Luísa Sonza apareceram com a peça.

Com o aumento da população mundial e do consumo, o crescimento de resíduos da indústria têxtil é inevitável. Por isso, torna-se indispensável pensar em outras alternativas de descarte e de produção de roupas, que reduzam o impacto ao meio ambiente e evitem o agravamento de uma situação já bastante crítica.

Fontes:

https://www.usefashion.com/post/sustentabilidade-na-moda-producao-sob-demanda

https://agrestetex.com.br/sustentabilidade-e-o-futuro-da-industria-da-moda/

https://exame.com/revista-exame/dress-code-futuro/

https://vogue.globo.com/moda/noticia/2020/10/o-futuro-e-verde-5-pilares-fundamentais-da-sustentabilidade-na-moda.html

https://revistamarieclaire.globo.com/Publicidade/Dafiti/noticia/2021/09/moda-e-sustentabilidade-como-produzir-com-menos-impacto-ambiental.html